Depois de tantas séries trazendo problematizações sociais, a Netflix apostou alto na mensagem de seu novo filme: Okja é irônico, bonito e profundo.
Com boa parte do elenco já conhecido, a produção trás um novo rosto para seu protagonismo, a atriz coreana Seo-Hyeon Ahn é a dona de Okja o porco gigante criado em laboratório com a ideia de salva o mundo da fome. Ai entra a brilhante atuação de Tilda Swinton como Nancy Mirando. O personagem da renomada atriz é uma incógnita, em determinados momentos você entende o que ela está tentando fazer, em outros acha ela uma ignorante sem visão. Em contra partida temos um grupo de salvadores que vão por suas vidas em risco pela causa da proteção animal.
A intenção do filme foi me surgindo na mente ao decorrer dos acontecimentos, ficou muito claro a construção narrativa de fazer você se apegar a Okja como você se apega a seu cachorro/gato de estimação, para então lhe tacar na cara que ela vai morrer para te alimentar e que o processo é horrível, feio e triste. As cenas são super realistas no sentido de mostrar "olha é isso que acontece antes do boi chegar a sua mesa e ele não é tão diferente de Okja".Contudo, o filme não deixa de criar um laço mais consciente do animal, ele não é simplesmente um porco gigante, ele é um animal domesticado. Ai o filme entra em uma propaganda bem comum entre os veganos e vegetarianos, como você pode amar um (cachorro, gato, coelho) e comer outro (boi, porco, frango)?
Eu não vou parar de comer carne, eu chorei vendo todo o preparo do bicho para a morte e como essa morte é consciente sim a eles! Cheguei a pensar que eu sou uma grande hipócrita por me afetar tanto com aquilo, mas continuar a vida comendo carne. De certa forma, todos nós grandes hipócritas ao sentar nossas bundas no sofá ver tanta desgraça falar "que horror" e continuar nossas vidas agradecendo que aquilo não está acontecendo com a gente. Assim concluo que o filme pode tomar proporções de ideias muito maiores do que apenas o ato de "comer carne".
Advirto que as cenas são sim violentas e fortes, uma em particular não consegui olhar por que me enjoou de forma absurda.
O filme te leva a muitas conclusões, ou talvez a nenhuma se você for alguém que não se importe, mas acima de tudo deixou mais questionamentos: a criação desses porcos de certa forma foram para uma boa causa, salvar o mundo da fome, seria isso tão errado? Em contra partida, por trás de todo tipo de projetos existe uma empresa, onde existem pessoas, pessoas que se movem com dinheiro e isso que interessa no final.
Okja termina de forma muito realista, mostrando claramente que o mundo se move ao lucro e se você quer algo é o dinheiro que vai lhe dar, não importa quem ele vá sacrificar.